Os casos de obsessão se avolumam tanto ao redor do mundo que muitos a consideram como “o mal do século”. Se houvessem estatísticas que mostrassem quantas pessoas são vitimadas por ela, os números certamente alcançariam cifras astronômicas.
Conforme definiu Kardec:
“Obsessão é o domínio que alguns espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão pelos espíritos inferiores, que procuram dominar e se agarram àqueles de quem podem fazer suas presas.”
Causas da obsessão
Quanto às causas da obsessão, essas variam de acordo com o caráter do espírito. Na maioria dos casos é uma vingança de quem guarda queixas de um indivíduo que o tenha prejudicado em outra existência. Esse desejo de vingança pode arrastar-se por décadas ou por séculos, conforme atesta a casuísta espírita.
Há, porém, espíritos outros que se comprazem em simplesmente atormentar, levando à impaciência, o que lhes causa enorme satisfação.
O notável espírito Humberto de Campos – cuja emocionante autobiografia resumida pode ser encontrada no livro Maria Mãe de Jesus – em seu livro Estante da Vida relata que teve a oportunidade de falar rapidamente com Marilyn Monroe, anos após a desencarnação da famosa atriz. Marilyn estava abatida, com um semblante triste, apoiada por uma entidade que atuava como uma enfermeira. O autor a ela se dirigiu e apresentou-se. Então, ela disse-lhe que não havia se suicidado, mas como estava sofrendo de uma profunda depressão havia sido induzida pelos seus obsessores a ingerir uma quantidade mortal de comprimidos sem que ela percebesse, e isso levou-a ao desencarne.
Graus da obsessão
A obsessão pode variar de intensidade, assim temos:
– Obsessão simples: um espírito malfazejo interfere nas comunicações recebidas pelos médiuns, enganando esse e apresentando-se como alguma personalidade famosa. Também pode ser quando a vítima é atacada por espíritos sombrios e perturbadores. Incluem-se nesses casos as manifestações conhecidas como “raps”, ou seja, o espírito obsessor promove pancadas e outros ruídos a fim de perturbar o obsediado.
Importante ressaltar que todos são passíveis de sofrer um processo obsessivo, seja a pessoa médium desenvolvido ou não.
– Fascinação: o obsessor exerce sobre a pessoa uma influência tão grande que lhe paralisa o raciocínio. A pessoa perde a noção do ridículo, podendo chegar mesmo ao assassinato. Cabe como exemplo o fato ocorrido há 21 anos, quando um rapaz estudante de medicina entrou em um cinema e disparou a esmo, matando três pessoas e ferindo mais cinco.
– Subjugação: a vítima tem a sua vontade paralisada e o obsessor o faz agir ao seu comando, o paciente fica então sob um verdadeiro jugo, é constrangido na sua forma de falar e agir, ao mesmo tempo que é sobrecarregado por problemas físicos e morais. A realidade desse fato também se mostra quando às vezes vemos uma pessoa falando sozinha e gritando impropérios pelas ruas e sendo provocadas por outros que desconhecem completamente as razões para o sofrimento do infeliz.
Diferentes tipos de obsessão
Tão complexa como abrangente, a obsessão tem também os seus tipos, alguns surpreendentes. Como podemos ver abaixo:
– Obsessão de encarnado para encarnado: pessoas que usam de sua personalidade para sufocar os outros ao ponto de anular a vontade de suas vítimas. São torturadores psicológicos. Julgam que sabem tudo e não ouvem ninguém.
– Obsessão de encarnado para desencarnado: pessoas egoístas e possessivas que não aceitam a partida de um ente querido, lamentam o seu desencarne chegando ao ponto de literalmente chamar pela pessoa. Tal atitude prende o espírito e impede que ele siga o seu caminho na espiritualidade.
– Auto-obsessão: indivíduos que sofrem desse mal existem aos montes. São pessoas que cultivam moléstias fantasmas, queixando-se de males diversos para os quais não existem medicamentos, dramatizam a própria saúde, mergulham no ciúme, na inveja e transformam-se em vítimas de si próprios, atormentando-se e azucrinando a vida dos que com eles convivem diretamente.
Existe tratamento para a obsessão?
A obsessão pode ser tratada. O tratamento é popularmente conhecido como desobsessão. Por meio de um atendimento específico para esse fim, formado por uma equipe de médiuns, as entidades obsessoras são trazidas para o centro espírita e através do diálogo são conscientizadas sobre a sua condição e encaminhadas, via de regra, para os locais de recuperação no espaço, tais como hospitais ou colônias.
Para livrar-se do problema cabe ao paciente dar a sua parcela de colaboração, agindo da seguinte forma:
– Praticar a reforma moral, ou seja, mudar os hábitos e os pensamentos, pois a forma de comportar-se e de pensar do obsediado é que propicia o desencadeamento do processo. De nada vale o trabalho da casa espírita se o paciente não se modifica.
– Fluidoterapia (passes magnéticos): além do atendimento de desobsessão – chamado em nossa casa de “trabalho de caridade” –, o paciente deve também receber uma série de passes magnéticos que vem a completar o tratamento. Isso ocorre porque o obsessor envolve fluidicamente o obsediado tirando dele os fluidos benéficos substituindo-os por fluidos deletérios. A ingestão de água fluidificada também é de fundamental importância.
– Frequência ao centro espírita: o paciente deve conscientizar-se da relevância de estar presente no centro pois, com isso, ele vai aprendendo a ter bons pensamentos, assiste aos ensinamentos e recebe os passes. Além disso, ao levar junto com ele o obsessor ou obsessores, permite que o auxílio seja dado a esses irmãos.
– Praticar o Evangelho no Lar: essa prática é recomendada não só aos que padecem de obsessões, como também a todas as pessoas. O culto do evangelho no lar facilita a frequência de bons espíritos pois permite a presença do Evangelho de Jesus na vida de todos.
– Terapia médica: o obsediado inevitavelmente terá alterações orgânicas e psíquicas importantes durante todo o processo. Assim, é fundamental que o paciente procure ajuda médica e esta juntamente com o tratamento espiritual vem a completar-se. A não observância desse aspecto pode levar a um tratamento ineficiente e incompleto.
É possível evitar a obsessão?
Herculano Pires, um dos mais notáveis divulgadores da doutrina espírita – cuja curta biografia pode ser vista aqui em nosso site –, ensina como precaver-se da obsessão:
– Tenha sempre em mente pensamentos bons e alegres. Repila as ideias más.
– Encare o semelhante de uma forma fraterna. Se ele está irritado, não entre na irritação dele, ajude-o a reequilibrar-se tratando-o com bondade. A irritação é sintoma de obsessão.
– Vigie os seus sentimentos, pensamentos e palavras nas relações com os outros. O que damos, recebemos de volta.
A obsessão é também um retrato fiel do atraso da humanidade terrestre, pois o orgulho impede a prática do perdão. Quando no futuro finalmente todos os habitantes da Terra praticarem a fraternidade como preconizava o Cristo, não mais teremos novos casos de obsessão. Cabe a cada um de nós buscar esse caminho.
Por Gilson Pereira
Fonte: O Livro dos Médiuns, cap. XXIII, Da Obsessão.